Marimbondo é preto, abelha amarela
Rico anda de carro, pobre de chinela
Se o bicho ferroa, funciona a goela
Pobre sonha o céu, rico ama a terra
Nas contas que fiz
Não sobrou nem um troco
Ou eu sou ruim de conta
Ou esse mundo tá louco
Não existe uma dor igual dor de dente
É aguda, é fina, incomoda a gente
Tem muito artista que passou pra crente
Pra dar testemunho a oferta é indecente
Nas contas que fiz
Não sobrou nem um troco
Ou eu sou ruim de conta
Ou esse mundo tá louco
Os políticos de hoje crêem no ideal
Da globalização, de fazer tudo igual
A praga se espalha pelo capinzal
O império se alastra engolindo o local
Nas contas que fiz
Não sobrou nem um troco
Ou eu sou ruim de conta
Ou esse mundo tá louco
Quase tudo hoje em dia não é natural
Ninguém mais é o mesmo, tá articificial
Mudar a cor do cabelo e do olho é normal
Põe até silicone pra erguer o peitoral
Nas contas que fiz
Não sobrou nem um troco
Ou eu sou ruim de conta
Ou esse mundo tá louco
Aprendi um ditado que vem do sertão
Só carro de boi, que geme, é dos bão
Crente que afasta se vem provação
Num apruma, num vinga, num cresce mais não
Nas contas que fiz
Não sobrou nem um troco
Ou eu sou ruim de conta
Ou esse mundo tá louco
Eu conheço gente que despreza a viola
Prefere outros ritmos ao invés de uma moda
Mas quando a bichinha balança as dez cordas
O peito num güenta os meninos aboba
Nas contas que fiz
Não sobrou nem um troco
Ou eu sou ruim de conta
Ou esse mundo tá louco.